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23 de abril de 2018

  • sevenweeks3
  • 11 de jun. de 2018
  • 2 min de leitura

Hoje completa 1 mês que perdemos a nossa filha. E 10 meses e quatro dias da perda dos nossos gêmeos. Às vezes parece que o tempo ajuda, que conforme vai passando a dor vai amenizando. Outros dias parece que é pior, que quanto mais nos distanciamos no tempo pior é a saudade e o buraco no peito.


Vivo agora em constantes altos e baixos. Oscilo entre experimentar o nada, o vazio e a ausência de sentido nas minhas perdas, com momentos de otimismo onde até consigo encarar a dor como necessária e transformadora e mantenho a esperança de me tornar melhor de alguma forma. Há ainda outros momentos em que me sinto completamente devastada, destruída, sem nenhuma força para continuar, com uma sensação de ter chegado ao fim da linha. Este último estágio sempre passa quando retomo a consciência da minha responsabilidade, de que não posso cair porque o Gael está aqui e precisa de mim.


Nesse fim de semana (ontem e anteontem) o sentimento era de total desolação. Vontade zero de levantar da cama, de tirar o pijama. Fiz um esforço sobre-humano para me levantar no sábado de manhã, preparar o almoço pro meu filho, cuidar das roupas e da casa. Foi cumprir a última tarefa da qual não podia fugir e me jogar novamente na cama, mesmo com os apelos insistentes do Gael para um passeio. Pedi ao meu marido que fosse com ele, que o levasse pra passear e me deixasse ali. Depois de muita insistência de minha parte eles foram. E aí eu pude chorar compulsivamente, gritar e urrar de dor até não ter mais forças. Constantemente sinto essa vontade, de colocar pra fora a dor, mas me contenho porque não quero apavorar minha família. Já deve estar sendo bastante difícil pro meu marido e pro meu filho. Mesmo não parecendo, sei que eles estão sentindo a perda dos bebês e também a minha crise. Queria poder amenizar isso pra eles, queria conseguir me mostrar como antes. Mas está além do meu alcance. Sei que não sou e nunca mais serei como antes. Mesmo quando eu conseguir voltar a sorrir, sei que já não serei a mesma. Se me tornarei ou não uma mulher melhor do que era antes, só o tempo vai mostrar. O fato é que não é possível permanecer igual depois de ter 3 partes tão importantes de mim amputadas. Independentemente do que acontecer no futuro, tendo ou não outros filhos, o vazio deixado por essas 3 perdas jamais será preenchido.

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