20 de abril de 2018
- sevenweeks3
- 11 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
Às vezes acesso esses sites sobre maternidade e entro nos grupos específicos de mães que sofreram perdas. Embora me entristeça com cada relato que leio, de certa forma é bom saber como pensam e reagem outras mulheres com histórias semelhantes à minha. É revigorante observar que muitas dessas mãezinhas tem uma visão otimista, apesar da dor.
Ontem, num desses acessos, me chamou a atenção o comentário de uma mãe que perdeu seu bebê com 5 semanas de gestação. Ela disse: “Perdi o meu filho ontem, às 5 semanas de gestação. Eu não sei dizer para vocês como sei que meu feijãozinho é um filho. Eu simplesmente sei. Não tive a chance de uma foto. Tudo que me resta são memórias das sensações felizes que ele me causou e o meu coração partido. Eu sei que minha perda não é nada se comparada às de vocês. Lamento muito se ofendi alguém por postar a minha história aqui. Vocês são mães incríveis. Sintam meu abraço gigante nesse momento de dor”.
A mãe que escreveu isso, se sentindo devastada por perder seu filho amado e desejado, acabou fazendo um desabafo no grupo, mas ao mesmo tempo se desculpou com as outras mães, porque a maioria das postagens no grupo é sobre perdas tardias ou de recém-nascidos. A imposição cruel de que, abortos precoces, por serem frequentes e considerados normais pela medicina, não justificam o sofrimento da mãe que perde seu bebê com poucas semanas, fez com que essa mulher considerasse a demonstração da sua dor inadequada. Mas a sensibilidade e o carinho das outras mães ficou explícito nas respostas que ela recebeu. Um dos comentários dizia: “Em primeiro lugar, sinto muito por sua perda. Em segundo, por favor, não pense que sua dor é inferior a de qualquer outra pessoa. Um filho é um filho, independente de idade ou tempo de gestação. E, por favor, não se desculpe. Acredite em mim, com certeza o seu relato não ofendeu a ninguém aqui. Somente serviu para mostrar que nenhuma de nós está sozinha. Eu só quero te mandar enormes abraços”.
Eu não escrevi nada sobre os meus abortos no grupo, pelo menos não ainda. Mas me sinto confortada em saber que não estou sozinha, que outras mulheres sentem o mesmo que eu. Não se quantifica maternidade interrompida e não se mede nem se compara dor.
"Toda vida é preciosa, por mais breve que seja."

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