22 de maio de 2018

Tenho me sentido menos sufocada e a necessidade de escrever para desabafar é cada vez menor. Mas ainda é muito grande o vazio. Não há um só dia em que eu não chore pensando nos meus bebês. Às vezes no banho, ou quando estou dirigindo à caminho do trabalho, em geral quando estou sozinha.

Já consigo ficar na presença de bebês pequenos e grávidas e me incomodar um pouco menos que antes. Consigo rir de piadas, sentir o sabor dos alimentos, assistir filmes, brincar com o Gael e realmente sentir algum prazer nessas pequenas coisas. Posso dizer que tenho novamente instantes felizes em minha vida. Só que nada disso significa que a dor passou ou que me esqueci dela. Meu coração continua estraçalhado. Ainda penso nos meus bebês perdidos em grande parte do tempo. Mas entendi que tenho que seguir vivendo...

Seguir em frente não é o mesmo que me conformar. Ainda não acho que esteja conformada. Ouço o tempo todo que tenho que “aceitar” e acreditar que “Deus quis assim”, que foi melhor por algum motivo. Ainda não é possível para mim.

Lógico que tenho consciência de que não dá pra mudar o que aconteceu. Mas não consigo pensar com tanta passividade e conformismo ao ponto de dizer que aceitei. Continuo magoada e confusa. Ainda me apego às lembranças dos 3, simplesmente porque as lembranças são tudo o que me resta. Parece que tenho necessidade de me apegar, de reviver, talvez por medo de esquecer. Porque, por maior que seja o desejo de me recuperar, de forma nenhuma quero esquecer.

Eles se foram e eu continuo aqui, triste, revoltada, vazia, brava, confusa e consciente de que minha dor não irá passar. Sei que aos poucos vou conseguir cada vez mais me permitir desfrutar de alguma felicidade. A tristeza devagar irá “se acalmando”, ocupando o lugar destinado à ela sem impedir que os outros sentimentos apareçam. E então o que vai restar é puro amor. Posso continuar amando para sempre...